quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

O voto de pobreza

 

Tomando em consideração o contexto em que vivemos, fazer um voto de pobreza certamente é uma escolha extremamente radical, reservada para os poucos dispostos a seguir esse caminho. Especialmente em uma época em que há grandes oportunidades de acumular riqueza e prosperar financeiramente, essa decisão pode parecer contracorrente. No entanto, é vital lembrar que todos os aspectos deste mundo são efêmeros, destinados a passar com o tempo. Nesse sentido, a busca desenfreada pela prosperidade financeira pode revelar-se uma jornada vazia e sem sentido.

A trajetória de Santo Tomás de Aquino nos oferece um exemplo inspirador nesse contexto. Sua renúncia aos bens materiais familiares e sua entrada na Ordem dos Pregadores refletem uma compreensão profunda da transitoriedade das riquezas terrenas. Ao seguir esse caminho, ele se assemelhou a Jesus, que viveu neste mundo com poucos pertences materiais, além de seus pais, que eram modestos em termos financeiros.

Vale destacar que Jesus, o carpinteiro, exercia uma profissão que, ainda hoje, muitas vezes não é devidamente valorizada em termos financeiros. No Brasil, por exemplo, o salário de um carpinteiro pode ser limitado, como no exemplo mencionado de R$1.500,00. No entanto, essa profissão é de uma importância fundamental, já que a construção de edifícios e estruturas começa com o trabalho do carpinteiro. Sua habilidade de criar andaimes e moldar a base é essencial para o sucesso da obra como um todo.

Na busca por uma vida plena e significativa, é crucial compreender que a abundância material por si só pode não satisfazer o espírito humano. A máxima de “ter muito sem Deus é não ter nada, mas ter pouco com Deus é ter tudo” ressoa profundamente. A verdadeira riqueza reside na conexão espiritual e na busca por valores mais profundos e transcendentais.

No que diz respeito ao voto de pobreza, é uma decisão que requer discernimento e uma compreensão clara de sua motivação. Enquanto para alguns pode ser uma escolha autêntica e inspirada, para outros, pode não ser o caminho adequado. Cada pessoa tem sua jornada espiritual única, e é importante respeitar e compreender as escolhas individuais nesse aspecto.

Em última análise, a reflexão sobre o voto de pobreza nos convida a ponderar sobre o verdadeiro significado da riqueza, da busca espiritual e do propósito em nossas vidas. É um tema que transcende as fronteiras do tempo e da cultura, estimulando-nos a examinar nossas prioridades e a encontrar um equilíbrio entre as demandas materiais e as aspirações do espírito. Pax,

Frank Matos

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Como evitar uma morte violenta

 

É interessante observar nas passagens que você compartilhou como a Bíblia reflete sobre temas como morte violenta, arrependimento, ação do diabo e a importância da fé. A orientação que os apóstolos São Pedro, São Paulo e outros deram sobre vigilância espiritual, bem como a ênfase na conversão e na busca pela salvação através da Igreja Católica Apostólica Romana, são princípios fundamentais da fé cristã.

A citação do Evangelho de São Lucas ressalta a necessidade do arrependimento verdadeiro e da conversão, indicando que as circunstâncias externas, incluindo mortes violentas, não determinam a retidão espiritual. A postura vigilante em relação à fé é enfatizada ao longo das Escrituras e muitas vezes está relacionada à resistência às tentações e ao ataque espiritual.

A passagem de São Tomás de Vilanova destaca a importância de estarmos preparados espiritualmente para a morte, pois esta é uma transição crucial em nossa jornada. A referência às Escrituras e às palavras dos santos, como São Tomás, nos lembra da rica tradição e sabedoria presentes na fé cristã.

Em relação à liberdade, a passagem de 1 Coríntios 6 aborda a importância de usar nossa liberdade de maneira responsável, honrando nosso corpo como um templo do Espírito Santo. Isso implica em evitar a fornicação e outros pecados que prejudicam nosso relacionamento com Deus. A liberdade não é vista como um fim em si mesma, mas como um dom a ser usado em conformidade com os ensinamentos divinos.

A oração Ánima Christi que você compartilhou é uma bela expressão de fé e desejo de proteção espiritual. Ela invoca a presença e o poder de Cristo em várias dimensões de nossa vida, desde a santificação até a defesa contra as forças malignas.

Seu compromisso com a oração, a conversão e a proteção espiritual é evidente em suas reflexões. A busca pela verdadeira liberdade através da conformidade com a vontade divina é uma jornada profundamente espiritual e enriquecedora. Que sua fé continue a inspirar e guiar sua vida e a daqueles que você ama. Pax et bonum!

terça-feira, 5 de julho de 2016

Beber vinho é pecado?

 

Parafraseando as palavras de Santo Tomás de Aquino na Suma Teológica, conforme a Bíblia de Jerusalém, podemos encontrar razões para considerar o uso do vinho como possivelmente ilícito:

1. Com efeito, é mencionado nas Escrituras que a Sabedoria é fundamental para a salvação, como se lê: “Deus ama somente aqueles que habitam com a Sabedoria.” (Sabedoria de Salomão 7, 28) e também “Os homens que agradaram a Deus desde o início foram salvos pela Sabedoria.” No entanto, o consumo excessivo de vinho pode prejudicar a aquisição da sabedoria, como afirmado em Eclesiastes: “Eu considerei seriamente entregar-me ao vinho, manter meu coração sob a influência da sabedoria e me entregar à insensatez, a fim de descobrir o que é bom para os seres humanos durante os dias de suas vidas.” (2, 3). Portanto, pode-se argumentar que o uso desmedido de vinho é absolutamente inapropriado.

2. Além disso, o Apóstolo São Paulo nos aconselha: “É bom abster-se de carne, vinho e de tudo o que possa levar teu irmão a tropeçar, cair ou enfraquecer.” (Romanos 14, 21). A abstenção do bem virtuoso pode levar ao escândalo entre os irmãos, o que é considerado uma ação maléfica. Assim, podemos questionar a licitude do consumo de vinho.

3. Ainda, Jerônimo afirma: “O uso do vinho junto com a carne começou após o dilúvio; no entanto, Cristo veio no fim dos tempos e restaurou as coisas ao estado original.” Isso sugere que na lei cristã o consumo de vinho pode ser considerado impróprio.

No entanto, contrapondo essas argumentações, a mesma Escritura nos revela instruções diferentes. Por exemplo, na carta de Paulo a Timóteo é dito: “Não continue bebendo apenas água; tome um pouco de vinho por causa de seu estômago e de suas frequentes enfermidades.” (1 Timóteo 5, 23). Também em Eclesiástico encontramos: “Alegria do coração e prazer da alma: essa é a função do vinho, bebido na medida certa e apropriada.” (31, 36).

Em resposta a essas considerações, Santo Tomás nos orienta que nenhuma comida ou bebida é ilícita em si mesma, como confirmado pelas palavras de Jesus: “Não é o que entra na boca que torna o homem impuro.” Portanto, o ato de beber vinho não é, em sua essência, ilícito. Contudo, pode tornar-se ilícito em certos contextos, como quando é consumido de maneira excessiva por alguém facilmente influenciável pelo álcool, ou por aqueles que fizeram votos de abstinência. Além disso, o modo de consumo e os efeitos em outros também devem ser considerados, evitando escândalos.

Dessa forma, podemos entender que as objeções apresentadas têm respostas variadas. A aquisição da sabedoria pode ocorrer de diferentes maneiras, a abstinência de vinho pode ser uma escolha em busca de uma sabedoria aprimorada, o conselho do Apóstolo visa evitar o escândalo mais do que proibir estritamente o consumo de vinho, e a proibição de Cristo é vista como uma restrição para aqueles que buscam a perfeição espiritual. (Suma Teológica, II-II, q. 149, a. 3).

domingo, 17 de novembro de 2013

A divindade escondida nos homens justos

Nas profundezas da filosofia tomista, percebemos que as almas de todos os homens são intrinsecamente imortais, mas, sobremaneira, as almas dos justos são investidas de uma imortalidade divina e transcendental.

Dentro da moldura da constituição pastoral Gaudium et Spes (Alegria e Esperança), é afirmado com profundeza que há uma semente divina alojada no âmago do homem, clamando por ser nutrida e florescer.

Dentro das lendas que atravessam a tradição hindu, em tempos remotos, a humanidade toda habitava a esfera divina, mas através de um desvio lamentável, o homem cedeu às tentações terrenas, desgarrando-se do Divino. Nos anais destas narrativas, Brahma, o Deus supremo, determinou que a divindade fosse ocultada dos mortais, um mistério protegido com zelo nas entranhas do cosmos.

Um dentre os divinos observou: “Vamos ocultá-la nas profundezas da Terra.”

Brahma ponderou: “Não, pois o homem escavará até desenterrá-la.”

Outro sugeriu: “Então, a jogaremos nos recônditos oceânicos.”

Brahma retrucou: “Não, o homem aprenderá a mergulhar e a encontrá-la.”

Um terceiro divino propôs: “Que tal a ocultarmos no pico inacessível das montanhas?”

Brahma, então, respondeu: “Nem isso, pois o homem conquistará a montanha. Tenho o melhor plano: esconderemos essa centelha divina dentro do próprio coração humano, um lugar onde jamais pensará em buscar.”

A luz da Cristologia, que ilumina o cerne da teologia cristã, nos guia para a compreensão de que Jesus, como a essência divina encarnada, se fez homem, com o propósito de elevar a humanidade à sua própria divindade. É no reino celestial que apenas aqueles imbuídos de divindade poderão adentrar, e essa divindade é alcançada mediante a busca da santidade, uma jornada revelada pelas trilhas da Espiritualidade Católica, que encontra alicerces na Igreja edificada por Jesus, conforme atestado em São Mateus 16,18-19. Essa Igreja, por sua vez, é a coluna inquebrantável da verdade, como proclamado em I Timóteo 3,15.

Sendo assim, meus irmãos e irmãs, é incumbência nossa buscar diariamente aperfeiçoar nossa condição cristã, pois somente através desse aprimoramento seremos dignos de vislumbrar a face do Senhor, como nos exorta Hebreus 12,14. Desejo a cada um de vocês a mesma bênção que São Pedro, o primeiro Papa, rogou: “Que o amanhecer irrompa e que a Estrela da Manhã brilhe em nossos corações,” conforme II São Pedro 1,19. Que a paz do Divino esteja sempre convosco.

domingo, 1 de abril de 2012

Somente a Verdade liberta

A única Igreja Católica Apostólica Romana é vista como a depositária da verdade completa, enquanto outras religiões possuem fragmentos dessa verdade, conforme expresso por São Paulo: “… Igreja do Deus vivo: coluna e sustentáculo da verdade” (I Timóteo 3,15). A Igreja fundada por Jesus (São Mateus 16,18-19) é considerada a única que detém a verdade em sua totalidade.

Aqueles que ainda não encontraram essa verdade são considerados ligados ao pecado, pois a morte de Jesus na cruz concedeu a liberdade para superar o pecado, como é afirmado: “agora já não o seja” (mediante o sacramento da penitência).

O episódio dos ladrões crucificados ao lado de Jesus é frequentemente citado para ilustrar que a salvação é alcançada pela crença em Jesus. Enquanto um dos ladrões creu e foi salvo, o outro não creu e foi condenado. A crença em Jesus, o Verbo encarnado de Deus, é vista como a chave para a salvação, independentemente dos pecados cometidos, já que Jesus reconhece a natureza pecaminosa de todos. Jesus disse: 'Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanecer em mim e eu nele produz muito fruto; porque, SEM MIM, NADA PODEIS FAZER' (São João 15,5). A transformação em uma vida santa é vista como possível apenas com a ação de Jesus através da Eucaristia.

O convite é feito para buscar a VERDADE que é Jesus, o Verbo encarnado, visto que sem Ele não se pode realizar nada. São Paulo expressa essa relação de entrega à fé: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. Minha vida presente na carne, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gálatas 2, 20).

Hoje, há um convite para buscar a verdade em Jesus, pois é considerado que, sem Ele, todas as empreitadas carecem de significado. Amém.

Quem sou eu

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Tomista, dedico-me ao estudo da Filosofia, que pela luz natural da razão nos eleva ao conhecimento das primeiras causas, e da Teologia, a ciência sagrada que, iluminada pela Revelação, a aperfeiçoa e a ordena ao seu verdadeiro fim. Ambas as ciências são para mim os instrumentos para buscar a Verdade subsistente, que é Deus, o fim último para o qual o homem foi criado.