A cena é quase desconcertante em sua mesquinhez humana diante do drama cósmico que acabara de se desenrolar. O profeta Jonas, sentado a oriente de Nínive, lamenta-se com uma amargura que o leva a desejar a morte. O motivo? Não o genocídio evitado, não a conversão de cento e vinte mil almas, mas a perda de uma simples planta que lhe dava sombra. Este episódio, narrado no capítulo 4 do Livro de Jonas, revela o abismo entre a lógica humana e a divina. Para iluminar esta passagem, poucas mentes são tão adequadas quanto a de Santo Tomás de Aquino. Analisar a ira de Jonas e a lição da hera sob a ótica tomista é desvendar as raízes do nosso próprio coração e entender por que Santo Tomás de Aquino consideraria a misericórdia de Deus não uma contradição da justiça, mas a sua mais perfeita e transbordante manifestação.