domingo, 17 de novembro de 2013

A divindade escondida nos homens justos

Nas profundezas da filosofia tomista, percebemos que as almas de todos os homens são intrinsecamente imortais, mas, sobremaneira, as almas dos justos são investidas de uma imortalidade divina e transcendental.

Dentro da moldura da constituição pastoral Gaudium et Spes (Alegria e Esperança), é afirmado com profundeza que há uma semente divina alojada no âmago do homem, clamando por ser nutrida e florescer.

Dentro das lendas que atravessam a tradição hindu, em tempos remotos, a humanidade toda habitava a esfera divina, mas através de um desvio lamentável, o homem cedeu às tentações terrenas, desgarrando-se do Divino. Nos anais destas narrativas, Brahma, o Deus supremo, determinou que a divindade fosse ocultada dos mortais, um mistério protegido com zelo nas entranhas do cosmos.

Um dentre os divinos observou: “Vamos ocultá-la nas profundezas da Terra.”

Brahma ponderou: “Não, pois o homem escavará até desenterrá-la.”

Outro sugeriu: “Então, a jogaremos nos recônditos oceânicos.”

Brahma retrucou: “Não, o homem aprenderá a mergulhar e a encontrá-la.”

Um terceiro divino propôs: “Que tal a ocultarmos no pico inacessível das montanhas?”

Brahma, então, respondeu: “Nem isso, pois o homem conquistará a montanha. Tenho o melhor plano: esconderemos essa centelha divina dentro do próprio coração humano, um lugar onde jamais pensará em buscar.”

A luz da Cristologia, que ilumina o cerne da teologia cristã, nos guia para a compreensão de que Jesus, como a essência divina encarnada, se fez homem, com o propósito de elevar a humanidade à sua própria divindade. É no reino celestial que apenas aqueles imbuídos de divindade poderão adentrar, e essa divindade é alcançada mediante a busca da santidade, uma jornada revelada pelas trilhas da Espiritualidade Católica, que encontra alicerces na Igreja edificada por Jesus, conforme atestado em São Mateus 16,18-19. Essa Igreja, por sua vez, é a coluna inquebrantável da verdade, como proclamado em I Timóteo 3,15.

Sendo assim, meus irmãos e irmãs, é incumbência nossa buscar diariamente aperfeiçoar nossa condição cristã, pois somente através desse aprimoramento seremos dignos de vislumbrar a face do Senhor, como nos exorta Hebreus 12,14. Desejo a cada um de vocês a mesma bênção que São Pedro, o primeiro Papa, rogou: “Que o amanhecer irrompa e que a Estrela da Manhã brilhe em nossos corações,” conforme II São Pedro 1,19. Que a paz do Divino esteja sempre convosco.

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